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Queria, como todo penabundeado, que ela sofresse minha dor... que a falta tivesse o mínimo de correspondência... mas nem isso consigo: querer. Não tenho cacife para bancar a falta que ela me faz. No meu caso, seria quase impossível cogitar um romantismo histérico; para tanto, eu precisaria voltar a ser o cara de antes, aquele que escrevia para se vingar e/ou acertar as contas. Esse cara esgotou-se dentro dela, e foi enganado.
Não sei se agora ela está se divertindo. Ou mesmo se teria se divertido à minha custa. Isso não importa. Eu não devia sofrer e amar - nem por mim, nem por Joana. Ela me abandonou. Me devolveu a mim mesmo, e o que é muito pior: em dobro. Mas o que faço se a dor já não me diz respeito? Se não sou nem metade daquele sujeito de antes? - Marcelo Mirisola (Joana a Contragosto)