segunda-feira, 12 de abril de 2010

(Cena o filme Nome Próprio)

Em casa, lia a maior parte do tempo; tentava assim extinguir sob impressões exteriores o que fervilhava constantemente em mim. As únicas impressões exteriores de que dispunha me vinham da leitura. Elas eram para mim um grande conforto, naturalmente: comoviam-me, distraiam-me, atormentavam-me; porém um momento chegava em que ficava muito fatigado. Sentia necessidade de agir: então, de repente, mergulhava na libertinagem, numa sórdida libertinagenzinha hipócrita, subterrânea. Minha irritação contínua tornava minhas paixões ardentes,lancinantes. Meus impulsos apaixonados terminavam em crises de nervos, com lágrimas e convulsões. Fora da leitura eu não tinha nenhuma distração. Nada em torno de mim que pudesse me impor um certo respeito e me atrair para si. Uma angustica vaga me submergia; eu experimentava uma sede histérica de contrastes, de oposições, e entao me lançava na devassidão. - Fiodor Dostoiévski (A Propósito da Neve Fundida)

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